Robos/Ser humano
O cientista Neil Jacobstein, presidente da Singularity University, acredita que os sistemas de inteligência artificial vão aprender a se comportar socialmente e a adquirir conhecimento sozinhos. Robôs autoconscientes poderão conviver conosco no futuro, mas há o risco de eles questionarem nossas atitudes - e decidirem nos enfrentar. Jacobstein esteve no Brasil para dar um curso na Fiap e conversou com a INFO.
Quando a inteligência artificial chegará no mesmo nível da dos humanos?
A inteligência artificial já supera a nossa em várias áreas. Um programa de xadrez em um smartphone pode derrotar a maioria dos jogadores amadores. Mas ainda não existe nada capaz de algo tão amplo como o pensamento humano. Haverá um processo de melhoria gradual e, em 2030, é bem provável que tenhamos sistemas de inteligência artificial trabalhando e interagindo conosco. Poderão inclusive estar integrados ao nosso corpo.
Eles estarão presentes em robôs?
É provável, mas não vão agir de modo igual aos humanos, porque passamos por um longo processo de evolução. Temos algumas necessidades, como dormir, fazer sexo e brigar, enquanto eles vão possuir outras. Por outro lado, terão limitações que nós não apresentamos. Mas para que haja uma relação muito próxima entre robôs e humanos, é preciso fazer com que tenham valores semelhantes aos nossos.
Os robôs vão conseguir se tornar autoconscientes?
Acho que sim, de uma certa maneira. As máquinas conseguirão ter consciência de que existem e de que há outros seres, bem diferentes. Também vão conseguir reconhecer a individualidade de alguém, saberão identificar o que é importante para essa pessoa e vão entender o seu sistema de valores. É algo que não vemos hoje nos computadores. Eles não mudam de comportamento diante de alguém.
A guerra do futuro será feita por robôs?
É possível, mas acredito que o uso de violência destrutiva para solucionar um conflito pode ser resultado da nossa falta de inteligência. Espécies inteligentes não vão querer perder tempo nesse tipo de atividade. Elas podem tentar prevenir a ocorrência de conflitos de todas as maneiras.
Os robôs podem iniciar uma guerra contra os humanos, por acharem que o nosso comportamento não tem lógica?
É um cenário de ficção científica possível. Se não fizermos um bom trabalho pensando nas consequências de longo prazo ao interagir com esses sistemas, pode acontecer. Precisamos firmar parcerias com os robôs, para que não avancemos nessa direção.